6 de jun. de 2009

Discrepâncias e afins

- Obaldo? E ele mora com a avó?

- Isso, mas ele malha. Malha não, ele corre.

- Caminhada Clarinha? Caminhada é coisa de bixa.

- Presta atenção amiga. Ele não é gay...

- Ele assiste novela. Ele escuta Keny G.! Ele faz caminhada CLARINHA!

- Mas ele é legal.

- Eu sou legal Clarinha. Ele é gay porra.! Bati.

- A não de novo. Você também é gay amiga.

- É, mas eu gosto é de mulher. Devo ser mais macho que o tal do Obaldo.

- Ta por fora, ele é praticamente um Chico Buarque. Engraçado essa coisa de “um Chico Buarque” né?

- Transformaram o velho Chico em uma natureza. Mas e ai, você vai ligar para ele. Você que entrega as cartas agora viu.

- Sabe, pensando assim, ele é bom demais. A gente transou por duas horas e ele não deixou de me beijar um minuto. Ele esquentou água, me levou chimarrão na cama. Colocou música. Vou ligar sim.

- Keny G? Porra Clarinha.! Eu posso fazer isso tudo por você e não tenho um pau.

- Qual é você é frustrada. O cara é bacana. Me tratou bem e é bom de cama. Ta, e daí se ele é gay? Eu me diverti. Não vem uma carta que presta para mim.

- Clarinha, tu vai quebrar a cara com esse cara hein.

- E do que você entende hein?

- Eu sou gay Clarinha, quantas meninas você acha que eu fiz sofrer? Fiz mesmo, e despertei em todas elas uma coisa que elas tinham vergonha...

- Ahhhh, qual é, agora você quer me comer também? Para.!

- Beleza, mas ele é gay, vai se fuder com essa história.

- Falando em me fudê. Tu assistiu o filme de ontem?

- Não, a idiota da Marta tava lá em casa. Me enchendo o saco porque eu sai escondida.

- Larga essa Marta. Possessão da porra. Filmão viu. Perdeu.

- Largo nada, aquela menina tem a porra de um capeta nos dedos. Você tem que ver. Bati de novo. - Sabe que eu tava lendo outro dia que a maioria das lésbicas são frustradas, mas olhando você assim pó. Tu é a pior de todas. Quero jogar mais não.

- Mas eu não sou frustrada, só gosto de mulher. E não odeio homem, mas para mim esse tal de Obaldo é bixa hein. Vamos outra, dessa vez presta atenção.

- Ah lá vem você. Ihh amiga, começou a novela.

- Vou embora então. Saco cheio de televisão. Ta afim de um café, um cigarro?

- Não, o Obaldo ta vindo aqui, disse que vai trazer uma erva especial pro chimarrão que ele vai preparar para gente.

- Porra Clarinha, puta viadagem hein. Tchau mulher.

- Beijo querida.

23 de abr. de 2009

Amor para quem sabe amar

Cardoso, Dr. Cardoso. Devia ter seus 30 e poucos anos, casado. Era um dos melhores psiquiatras da cidade. Calmo e centrado, resolvia tudo. Um dia foi o Zé, Zé Ninguém, era fazendeiro, seus 40 e poucos anos, conservador, casado. Mas o Zé tinha um problema, primeiro o problema foi com a secretária do Cardoso, porque o tal do Zé queria porque queria entrar com uma cabra no consultório. Resolveu deixa-la na caminhonete, amarrada.

- Como vai Zé, mais calmo agora?

<- O senhor não entende. Eu me apaixonei.

<- Que mal há nisso Zé?

<- Sou casado Dr. Cardoso e amava minha mulher, agora eu só tenho olhos para ela.

<- Olha Zé, eu não posso te receitar nada, vamos tentar tratar desse assunto como amigos? E ela também é casada?

<- Cardoso, ela é minha cabra, a cabra que está na minha caminhonete.

Dr. Cardoso deu um sorriso seco, sem graça, não sabia o que fazer, receitou um remédio para o Zé dormir e disse que voltasse no outro dia para conversarem sobre como tudo aconteceu.

O Zé voltou brigou de novo para a cabra entrar, o Cardoso deixou. Ficaram os três, Zé, Cardoso e a cabra. – Ela chama Titi Dr. – Disse o Zé todo sorridente. Titi, uma cabra, seus seis e poucos anos, branca, serena e limpa.

Um dia a mulher do Zé, foi visitar a mãe, ficou duas semanas fora. O Zé não agüentava mais, resolveu dar uma volta no pasto, lá estava a Titi, parada, quieta. O Zé abriu uma de suas pingas de engenho, sentou em uma pedra e observou Titi, acabada a garrafa levou a cabra para dentro de casa, para seu quarto.

Quando acordou estava feito, estava apaixonado. Sua mulher voltou e o Zé só queria saber da Titi. Um dia percebeu que seu casamento estava por um fio. Resolveu procurar o Dr. Cardoso, quem indicou foi o Osvaldinho, o mesmo que tinha prazer em mastigar os filtros de barro. Hoje é vegetariano.

Dr. Cardoso só tinha olhos na Titi “porque esse cara traçou essa cabra”. Mas enquanto ouvia o Zé, uma mulher entrou no escritório aos gritos. Era a mulher do Zé, deu chutes e tapas no velho “tem pelo na minha cama, Zé seu filho da puta, você ta comendo aquela cabra na nossa cama?”. O Zé correu para a caminhonete, envergonhado e a mulher atrás.

O jovem Cardoso voltou para o escritório, sentou, acendeu um charuto e lá estava ela, parada, deitada e serena, a Titi. Cardoso trancou a porta, agachou e ficou olhando para Titi, ela tinha um cheiro, um cheiro bom “Zé devia dar banho nela”. Ela tinha as patas traseiras mais altas e era “atraente, realmente, estranhamente uma cabra atraente”.

Cardoso resolveu levá-la para sua casa, não podia deixar uma cabra no consultório ou na rua. Deixou-a na garagem, jantou, tomou banho e deitou na cama com sua esposa.

- Com foi seu dia querido?

<- Muito bem, tranqüilo.

Mas não foi, e o Cardoso só pensava em descer para ver como a cabra estava e porque o Zé tinha se apaixonado por ela. E quando sua esposa adormeceu, ele desceu. Foi até a garagem, levou água e pão e ficou olhando Titi comer.

Cardoso dormiu com Titi, acordou antes de todos e saiu, com a cabra. Não sabia por que tinha feito aquilo, mas fez e estava feliz. Desligou o celular e entrou na rodovia, não sabia para onde ia, mas ia para algum lugar e Titi no banco de trás, deitada e quieta.

Comprou ‘comida de cabra’ e entrou em um hotel barato, passou à tarde com Titi e resolveu voltar para a cidade. Tinha resolvido, ia ter Titi como sua amante, ela ia ficar na garagem e ia falar para sua esposa que era um presente para uma amigo e que ela, a cabra, ia ficar por uns tempos com eles.

Cardoso saia mais cedo do serviço todo dia, buscava Titi e a levava para um motel, cinco estrelas, coisa cara. Passava cerca de três a quatro horas com Titi e voltava para casa. Sua esposa contratou um detetive quando viu um cartão de Vip em uma de suas camisas.

-Dona, todo dia ele vai ao Glamour Motel por volta de 16h fica até 19h, ele entra e sai sozinho.

A esposa do Cardoso um dia o seguiu, viu ele chegar em casa entrar na garagem, fechar a porta desconfiado e logo em seguida sair de casa. Cardoso entrou no motel, fechou o portão, abriu o porta-malas e desceu a Titi, entrou no quarto, abriu um dos champagnes favoritos dela e deitaram na cama. Depois de estourar o espumante Cardoso derrubava espuma entre eles.

- Está tudo arrumado já Titi, vou me divorciar e a gente se muda, eu vendo tudo e vamos morar na praia.

Mas ai a esposa do Cardoso entrou no quarto, com o advogado, a polícia, a imprensa e o Zé, o Zé Ninguém que chorava aos prantos pela traição da Titi.

2 de abr. de 2009

Massa informe e malcheirosa descoberta no centro de Brasília

Boa noite. Na última sexta-feira um grupo de adolescentes queimaram carteiras na Praça São Cristóvão. Os estudantes alegaram estar fazendo um “manifesto contra o mau cheiro” quem vem ocorrendo no país.

Os responsáveis pelo governo do “local fedido” não souberam esclarecer o motivo do tal odor. No sábado de manhã, aparentemente quase dois milhões de pessoas, já se encontravam no local, reclamando de sentirem o mesmo fedor, mas manifestando cada um da sua forma. Enquanto os estudantes queimavam carteiras, ali perto presidiários queimavam colchões e um grande grupo de homossexuais queimava a rosca.

Hoje domingo, o odor é tanto que máscaras de oxigênios estão sendo distribuídas em postos de saúde. O atual presidente do país, diz que a culpa do mau cheiro vem de águas passadas e que se partido lutou contra ele por muito tempo.

Líderes da oposição bateram o pé na merda e não aceitaram as acusações. “Quando colocar a Dilma no governo, saberemos qual passado iram culpar pelo problema da privada do país”.

Na parte da tarde, crianças no sul do Amapá se divertiam em meio a toneladas de merda, enquanto as do Sul do País pulavam em merda congelada.

Radicais espirituais se debruçavam em merda pelas ruas com placas alegando ser a “Nova era dos Ruminantes”, aparentemente, as vacas foram deixadas em casa sobrando apenas o excremento brasileiro.

A conclusão que a população chegou foi que apareceu enfim a grande cagada nacional.

4 de mar. de 2009

Coisa de gente Chico

Vamos fazer um adeus à carne mais bonito. Com pouca roupa e muito álcool.

Vamos tentar lembrar de cantos e marchinhas interessantes. Talvez sem o clichê da colombina. Ou talvez a colombina sem roupas. Mais sutil mais interessante.

Vamos esquecer da tristeza, deixar os alucinógenos nos guiarem. Pode ser complicado, às vezes dá até medo.

Vamos temperar tudo, com suor e saliva. Trocar os copos e esperar a herpes ou o cancro.

Vamos esquecer do preconceito. Forçar uma tranqüilidade. Já estaremos sem roupa e um pouco loucos.

Vamos fazer do comercial um texto, cheio de idéias. Vendemos e fazemos mais felicidade com o dinheiro.

Vamos mendigar amor. Gritar na rua o desespero de ficar quente pelo problema com os curtos cobertores.

Vamos exigir nossa comida, cuspir e comer. Encher a barriga com flores de um cabaré sujo.

Vamos nos exibir e fingir prazer. Se alguém perguntar, bate na cara, diga que ninguém ousou saber como fazíamos amor.

Vamos esperar a sessão encerrar e sorrir mais do que os frouxos que saíram lá de dentro.

Vamos encher as malas de roupa e nos enchermos de motivos para não usar roupas.

Vamos aprender a dar nome de coisas belas às mulheres ou dar nome de comida a algumas delas. E no fim esperar que possamos comer belas mulheres, com belas comidas.

Vamos socializar com grosserias e machismos. Faremos clientes insatisfeitos e seremos as únicas putas que vão saber amar.

Vamos criar um discurso bairrista familiar. Seremos os amantes da orgia romântica.

Vamos brincar de polícia e ladrão. Eu faço canções sobre um cálice e você me prende no seu mundo sujo.

Vamos colorir tudo, esperar o sol aparecer para derreter nossa música. Depois que criarmos o amor à gente deita no chão e se embrulha com as manchetes nuas da noite seguinte.

28 de fev. de 2009

Proporções diferenciadas de felicidade.

É engraçado como tudo na vida é feito sobre proporções exatas, e dentro dessa organização social, existem tantas falhas que todos passam a criticar a falta de ordem como um absurdo.

Veja bem, partindo da idéia de felicidade, algumas pessoas consideram o dinheiro como a essência total da vida. Outros procuram ter mulheres e outras em ter homens. Alguns só querem ter saúde, um outro tanto quer ter Deus, um bocado quer virar branco assim como outra parte quer virar negro. E os poucos e mais inteligentes, simplesmente são felizes.

O que na verdade é o grande problema do ser humano: passar a vida inteira querendo ser feliz, enquanto todos os outros animais simplesmente são. Mas isso é outro problema, e alguém já tinha escrito algo assim antes.

O que é colocado aqui são os valores da organização e do tempo. A questão é saber, se até onde formos organizados e responsáveis seremos realmente felizes, desde que essa felicidade seja vista como viver.

Você entra no supermercado e o saquinho do suco de laranja não fica perto das bebidas, afinal não é uma bebida. Assim é a vida. Entendeu?

Ai você nasce e aprende a ser feliz, responsável, correto, respeitar, pedir benção, ter fé e afins. Daí tu vê que o mundo te ensina a bater primeiro se não você apanha, a não confiar em ninguém, que andar com gente rica te faz parecer uma “gente” rica, que bom mesmo é beber e se divertir, que nem um homem e nem uma mulher vai amar só você, entre outras verdades dolorosas.

Você tem que comprar o pacote, colocar água, misturar, se o suco vier com açúcar está pronto, se não vier você adoça do seu jeito. A vida. Não entendeu? Nem eu sei te explicar, só mais uma coisa, com o que você ocupa seu tempo? Por que você é feliz? Você é feliz? Por que você não é feliz? Sabe o que é felicidade?