Ensaio Sobre a Cegueira: Filme
"Fernando Meirelles com José Saramago, não vai dar certo", para mim deu meu querido João Pedro.
Meirelles: "uma parábola sobre a fragilidade da civilização e a facilidade com que se derrubam valores aceitos pelas sociedades avançadas". E foi.
Assisti ao filme no cinema, não me chocou tanto, mas foi um tapa leve, não na cara, nas costas. Sempre vi a sociedade daquela forma, meio porca e necessitada. É aprofundo em um ponto, a cegueira é sexual.
Essa coisa do toque, sentir, cheirar isso é sensual e isso é meio cego. Meirelles mostrou legal e Saramago desenvolveu melhor ainda.
Ouvi críticas sobre a "incapacidade do cego". Realmente, o filme mostra um desespero, um caos, por falta da visão, mas é inadaptável, rápido demais. Não sei como ficaria se fosse comigo, mas acredito que esses paradigmas e conceitos éticos, não só meus, mas tenho certeza que de muita gente, mudaria.
Fome, preconceito, sexualidade, desespero, fácil demais falar disso tudo, mostrar isso tudo, porque está presente, mas as mãos ficam na frente dos olhos e isso não é cegueira. Criar um ensaio, que te surpreende é bem feito, para mim Meirelles mostrou legal, não colocou mais porque faltaram umas 70 páginas. Ai não seria Meirelles, seria Saramago.
O filme não merece Nobel, mas mostra que somos feitos de barro e isso de população sólida não existe. A posse acaba e a sobrevivência é a única. Talvez eu esteja sendo calculista, mas ta tudo muito sujo, para a sociedade fazer um “ohhh”, quando se troca sexo por comida. Talvez a hipocrisia seja o único motivo de achar o filme nojento e pornográfico. Acredito que sombrio e belo se encaixe melhor.
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