Vamos fazer um adeus à carne mais bonito. Com pouca roupa e muito álcool.
Vamos tentar lembrar de cantos e marchinhas interessantes. Talvez sem o clichê da colombina. Ou talvez a colombina sem roupas. Mais sutil mais interessante.
Vamos esquecer da tristeza, deixar os alucinógenos nos guiarem. Pode ser complicado, às vezes dá até medo.
Vamos temperar tudo, com suor e saliva. Trocar os copos e esperar a herpes ou o cancro.
Vamos esquecer do preconceito. Forçar uma tranqüilidade. Já estaremos sem roupa e um pouco loucos.
Vamos fazer do comercial um texto, cheio de idéias. Vendemos e fazemos mais felicidade com o dinheiro.
Vamos mendigar amor. Gritar na rua o desespero de ficar quente pelo problema com os curtos cobertores.
Vamos exigir nossa comida, cuspir e comer. Encher a barriga com flores de um cabaré sujo.
Vamos nos exibir e fingir prazer. Se alguém perguntar, bate na cara, diga que ninguém ousou saber como fazíamos amor.
Vamos esperar a sessão encerrar e sorrir mais do que os frouxos que saíram lá de dentro.
Vamos encher as malas de roupa e nos enchermos de motivos para não usar roupas.
Vamos aprender a dar nome de coisas belas às mulheres ou dar nome de comida a algumas delas. E no fim esperar que possamos comer belas mulheres, com belas comidas.
Vamos socializar com grosserias e machismos. Faremos clientes insatisfeitos e seremos as únicas putas que vão saber amar.
Vamos criar um discurso bairrista familiar. Seremos os amantes da orgia romântica.
Vamos brincar de polícia e ladrão. Eu faço canções sobre um cálice e você me prende no seu mundo sujo.
Vamos colorir tudo, esperar o sol aparecer para derreter nossa música. Depois que criarmos o amor à gente deita no chão e se embrulha com as manchetes nuas da noite seguinte.